Esta cova em que estás, com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo, te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas à terra dada nao se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
(É a terra que querias ver dividida)
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas à terra dada nao se abre a boca
Morte e vida severina - Chico Buarque de Hollanda sobre o poema de João Cabral de Mello Neto
Simplesmente adoro...
ResponderExcluir"O sabiá no sertão qndo canta me comove, passa 3 meses cantando e sem cantar passa 9... Porque tem a obrigação d só cantar quando chove..."
Belos clássicos, tanto a versão musicada de Chico (olha a intimidade xD,)quanto os versos de Melo Neto.
ResponderExcluirAté mais doutora.
Simplesmente genial... e quanto mais escrevo, mais percebo o quanto não sei escrever... Ah, esses mestres inatingíveis...
ResponderExcluirChico é meu Pai!
ResponderExcluirInfelizmente, todos nós teremos o nosso jazido final, mas nem todas teram obras para enfeitas as suas lembranças daquele que se foi...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Nathi.
Um abraço.