quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tempo do Imperador

Na Bahia, no tempo do Senhor Imperador, uma moça escorou-se na janela, dali a pouco já vinha ele.
Aquele que toda tarde não falhava o compromisso de adocicar o mundo, ou pelo menos os bairros dos brancos.
E a esta hora a preta que já tinha lavado, limpado, espanado, suado, cozinhado, se estrumpicado toda na horta, estava com aquele ar que vocês bem sabem de fêmea na hora do cortejo.
Ele com seu tabuleiro de cocada, ela com sua brasa que ardia, ele com seu olhar cabisbaixo, ela com sua quase vermelhidão.
-Olá! Vai cocada hoje, minha nega?
-Sua?
-Será que é dos outros?
-Dos outros não!
-Então?
-Sua também que não havera de ser!
-Por causa que eu não fizera pedido ou por mode a nega não querer?
-Como havera eu de saber?
-Posso tentar?

E assim, mais uma tentativa do preto de adocicar, nem que fosse o bairro dos brancos, se saiu como deveria!

E não havera mesmo de ser?

5 comentários:

  1. E como não? Se como a cocada as pessoas podem ser doces na medida.

    Ótimo texto blogueira farmacêutica!

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  2. “- Na forma, ou nos moldes do rosto, na mão, no dorso, nela havia doçura, delicada flor no desabrochar da juventude. E nele o que havia?” Abraço, até breve.

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  3. Que preciosidade a sua narrativa. Visualizei a cena inteira!
    Parabéns, sua escritora!
    Bjoks

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  4. Texto interessante...

    Mas e faculdade, está indo tudo tranquilo?

    Fique com Deus, menina Nathi.
    Um abraço.

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  5. isso deu fome, de mais textos doces.
    =D

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