quinta-feira, 25 de julho de 2013

Anunciação de frio

Não preciso dizer que odeio frio.

Até porque não odeio.
Na verdade eu me odeio no frio.
Fico irritada com tudo, chata, antipática.
Um verdadeiro c*!

Não sei porque todas as minhas falanges, dos pés e das mãos, têm de doer tanto!
Deus, que inferno!!!

Não quero mais brincar de pequena européia na minha própria casa,
e o vento?
Pra quê tanto vento.
Odeio ouvir a rádio e a moça falar:
"Amanhã mínima de 4 graus na madrugada, mas sensação térmica de -1".
Po**a! Fala logo que vai estar insuportável e é pra todo mundo continuar na cama!

Inferno!
Com certeza o inferno queima a pele, porque é tão gelado, mas tão gelado que nem o cão quer!

Ai, céus!

Não preciso dizer que este texto sofreu alta coerção da minha irritabilidade sob o frio paulistano ridículo!
Ca*a**o!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Anunciação de morte

Tenho, por natureza, necessidade de vida.
Tenho ânsia por movimento, por sentimento, por história, por planos pro futuro.
A vida em todos os seus aspectos, bons e ruins me agrada.
Viver é meu objetivo.

A morte já passou na minha vida algumas vezes.
Não gosto de me lembrar.
É como algum sonho ruim e tenebroso que só de vir à memória a gente tem medo de virar realidade,
pena que era realmente realidade.

Odeio aquela frase que diz que a única certeza na vida é a morte.
Não concordo.

Acho que a única certeza da morte é que houve uma vida, sem a vida não haveria a morte.

Primeiro deve haver pra depois deixar-se de existir.

Leio livros que culminam em mortes, mas tento não me apegar aos finais e sim à vida e toda experiência que veio antes. Vejo filmes que terminam em mortes - alguns têm morte mesmo no início - e mais uma vez enrolo minha mente com outros pontos, outros fatos.

Infelizmente, mais frequente do que gostaria, não consigo ser bem sucedida nesta meta e choro.
Hoje meu choro foi como de neném quando já está cansado de chorar, foi quieto, nem alto nem baixinho.
Só chorei e me deixei chorar.
A morte era fictícia, mas assim como os quadros que estão expostos no Museu Paulista lá no Ipiranga são representativos da realidade passada, assim também esta morte fictícia pela qual chorei hoje representava uma morte real. E chorei por ambas.

Chorei em nome de toda ausência que fica pra preencher aquilo que já se chamou vida.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Anunciação de chuva

Mal o jornal anunciou de manhã que haverá pancadas de chuva à tarde, já se ouve praguejamentos – leiam-se palavrões chulos mesmo. Ninguém vive sem água, e todo mundo estuda na terceira série naquela matéria chamada na minha época “ciências”, o ciclo da água. Lembro que quando fiz a terceira série me achei muito crescida porque apresentei algo relacionado a isso na feira de ciências. Hoje fico imaginando como todos os adultos deviam passar e pensar “que fofinha”, ou talvez “tão pequenininha e tão espertinha”... e eu me achando demais adulta por ter falas tão inteligentes.

Mas superando meu ego infantil, hoje a moça do tempo acertou e tivemos momentos de chuva na cidade no final da tarde, moças do tempo adoram esta expressão “no final da tarde” e muita gente praguejou mais ainda.

Eu não sou daqui, de onde vim tudo depende do ciclo da água, e este mistura-se tão intrinsecamente com o ciclo da vida que anunciação de chuva é como alguém gritar em praça pública “Salve, Jesus tá voltando!” – guardadas as devidas proporções de outras religiões. Ou seja, fiquei muito feliz com a chuva.

Assim que a chuva caiu, literalmente, eu dei tchau pro pessoal do trabalho e caí na rua, não literalmente. Fui andando só pra ver este milagre que é sentir água caindo do céu. Não sei você, mas pra mim chuva é mágica, é como um tapa na minha cara dizendo “você se acha alguma coisa, explica isso então..” Eu estudei, já disse aqui, o ciclo da água, sei qual a lógica por trás, meu trabalho é ciência, eu estudo pra decifrar “porquês” e “comos”, mas mesmo assim, com tanta racionalização na minha cabeça, mesmo transformando em sinapses até os meus sentimentos, pra mim, a chuva é e sempre vai ser um mágico milagre.