quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Baixou a farmacêutica

Estou tomando antibióticos graças ao meu querido ciso, o último da saga "crie juízo". Este estimado apontou a anos, duas semanas atrás eu fui á dentista e ela disse "tudo ok", então, de repente, não mais que de repente, ele resolve se remexer na minha gengiva delicada de ladie. É pra matar de raiva.
Tudo bem, depois de achar que era um resfriado, porque doía a garganta e o ouvido, me toquei que era ele. Não tem jeito, vamos aos antibióticos.
Faz aproximadamente um ano que tomei antibiótico e não gosto. Dá dor de estômago no terceiro dia (amanhã) e acaba com meu intestino (razoavelmente regular normalmente). Mas isso é como paciente. Não se esqueçam que sou uma farmacêutica nas horas vagas, e como tal eu sei as angústias e mazelas que o uso indiscriminado de antimicrobianos pode causar, a médio e longo prazo, tanto pensando no indivíduo como na coletividade. Ainda acho que qualquer dia desse uma bactéria mega foda vai acabar com um terço da população do mundo só porque nós não temos antimicrobianos novos a toda hora e a população tá inchada dos antigos. Escreva o que estou dizendo, essa resistência bacteriana que a gente desenvolve toda vez que toma um antibiótico de maneira errada, seja por não terminar o tratamento, seja por erro de prescrição (tempo ou doses desajustados para o caso), erro de diagnóstico (medicamento para outra doença), erro de produção (dose sub terapêutica, fármaco mal produzido, falta de eficácia e segurança), enfim... qualquer que seja o motivo, a gente ainda acaba se matando.
Mas o ser humano é assim mesmo, autodestrutivo e imediatista. Eu mesma sabendo de tudo isso  tô pensando em "como vou sobreviver sem beber na minha folga sexta?"... pode uma coisa dessas?!
Eu sei que vou acabar fazendo certinho meu tratamento, dor de dente é terrível, mas nessas horas a gente se sente acima da lei, como um policial que está na rua para garantir a segurança da população e DO NADA avança o sinal vermelho porque, sei lá "estou com pressa". Isso não foi um desabafo nem um ataque pessoal.
Preciso cuidar da minha saúde. Não posso ficar doente. Sou uma péssima doente. Fico chata e irritada com tudo. Tenho certeza que estou doente quando só quero deitar no sofá com a tevê ligada (meu deus da literatura me perdoe), tomar uma sopa e ficar com a minha mãe.
Mas infelizmente não tô podendo realizar nem a vontade de sentar no metrô quando vou pro trabalho, imagine meus desejos de doente.
O jeito é isso, ir dormir pra recompor as energias e esquecer a dor de ouvido (é a que mais incomoda, mais que a do dente), e esperar que mês que vem posso ver minha mãe.
 
Ps: Resistência bacteriana, resumidamente para leigos, é quando uma família de bactérias é bombardeada com um remédio que mataria todas se fosse uma bomba nuclear, como a de Hiroshima, mas por qualquer erro, esta família de bactérias é bombardeada com pistolas. Como toda família, esta também tem membros mais fortes e outros mais fracos, alguns dos mais fortes vão acabar sobrevivendo. Depois eles se multiplicam e formam outros membros, assim como eles mais fortes. Depois de algum tempo, aquela família mais ou menos se torna uma família foda. Isso é resistência bacteriana. Ela resiste dentro de você. Ela se torna mais forte e dificilmente o tratamento utilizado anteriormente vai resolver seu caso filhote. Boa sorte.       
  

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Saudades perto

Saudade.
Nunca passou pela minha mente anos atrás que eu sentiria falta do convívio familiar. Agora tenho certeza que isso não vai voltar mais.
Meu irmão está morando com a namorada, aos finais de semana eles buscam os filhos dela, são uma nova família.
Meu pai e minha mãe não estão mais em São Paulo, para vê-los preciso pegar quatro horas de estrada. Não tenho esta disponibilidade de tempo agora.
Sinto saudade.
Sempre senti saudades. A gente mudava-se muito, eram novos amigos o tempo todo ficando para trás, porém quando penso no que passei eles sempre estiveram comigo. Minha família.
Agora vou mais uma vez seguir um caminho pelo qual eles estarão só na torcida, cada um está num jogo diferente. Isso me dá medo. Tê-los por perto é uma segurança forte e precisa, chego mesmo a conseguir tocá-la, mas não desta vez. Engraçado eu estar dizendo isso. Eu que sempre lutei por minha independência, eu que luto por me espaço. Mas é compreensível, não vou ser durona comigo. Nunca planejei encontrar o meu espaço tão longe, isso assusta mais.
Bom, vou lá que o dia tá só começando e isso tá virando um diário de novo.
Só pra constar com clareza, ainda não viajei, mas já sinto saudades.

Breve refletir

Interessante esta minha relação com o tempo.
Desde o dia 22 de março eu estou esperando o 20 de outubro. Não exatamente, mas praticamente. Isso dá um pouco mais de um semestre. O tempo parece andar bem devagar quando se tem pressa. Eu não tenho realmente pressa, mas passei por dias bem ansiosos, dias alterados, dias nervosos e já venci nestes meses umas nove crises, sei lá, ou mais. Crises que se resumir em uma palavra seria MEDO.
Um dia tem vinte e quatro horas. Uma hora, seja aqui em Mali ou Nairóbi, tem sessenta minutos. Isso é simples, qualquer um tem um celular para mostrar as horas. Mensurar o tempo é simples. É exato. O difícil é a sensação.

23h57 - estou no ponto de ônibus, tem mais quatro desconhecidos. A garoa cai fina, o vento parece suavemente fazer as gotículas dançarem. Está um frio suportável, mas sinto medo. Insegurança. Cada minuto parece se transformar em horas, e ao pegar o ônibus as 00h11 eu estou mais exausta da espera do quê da rotina diária da loja. Isso é loucura cara. Tenho medo de acontecer alguma coisa comigo do trajeto do trabalho pra casa. Fiz trajetos bem piores e frequentes quando tinha 17, 19, hoje com vinte e cinco perdi a invencibilidade da adolescência. Acho que foi assim que percebi que estava adulta. Ah, e quando percebi que ficava feliz com dias ensolarados depois de alguns chuvosos com o primeiro pensamento:"dia perfeito pra lavar roupa".

Sensação de tempo é incrível. Já comentei isso falando de quando descobri como transformar dias em meses. Assim como às vezes uma ocupação que você sente que te emburresse parece engolir seus dias inteiros como doses de cachaça. Uma ingrata esta danada da Dona Rotina. Cretina total. Não tem como levar uma vida baseada cem por cento em aventura, em diversão, até novidade toda hora vira Dona Rotina.
Meus dias oscilam. Assim como o um humor e minhas tendências. Tem hora que tendo a ver o copo meio vazio. Tem hora que tendo a esvaziar mesmo todo os copos. Diria que é basicamente uma fase pendular... ainda tem um  punhado de dias para manter o pêndulo. Mas enquanto tem algum movimento ainda há esperanças.