domingo, 7 de fevereiro de 2010

Testemunha

Saiu de casa como quem quer andar sem destino. Mas isso é mais papo de quem fica só na pretensão, porque sabe muito bem que seus passos levam somente para lá.
Entrou duas ruas antes, deu a volta no quarteirão, enrolou um pouco, tentou se convencer que estava mesmo sem paradeiro, porém, como já previsto...entrou na tal rua.
Foi bem devagar, como se o sabor da espera saciasse mais que a verdadeira mordida.
Chegou.
Lá estava ela, fascinante como sempre, solitária também, como se o tempo estivesse intato.
A pracinha era sua segunda casa.
Tão bela com aquele ar de abandono.
Tão frágil  e acolhedora, como mãos de mãe, que dão carinho e noutro instante disciplina.
A praça onde eternizou segundos, onde aprendeu que o tempo é contado de diferentes modos em momentos e com pessoas distintas.
A praça é sua única testemunha.
Sua única cúmplice.
Sua única compreenssiva companheira quando suas lembranças só o acusam.
A única presença que não consegue ausentar, é a sua própria.

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