terça-feira, 1 de junho de 2010

Rua

Andei numa rua grande hoje. Quando era pequena achava que avenida era nome de rua grande, mas a que eu andei hoje era grande e mesmo assim ainda era uma rua, então acho que, pelo menos pra aquela, essa regra não vale.


E que rua grande, tinha uma mão que ia e outra que vinha, mas elas jamais darão as mãos.

Tinham pessoas que entravam e outras que estavam só perambulando mesmo, eu não era nem uma nem outra, eu estava só passando.

A rua tinha um ar de quem acabou um namoro com alguém amado, estava lavada como em lágrimas,

Mas não eram quentes, eram geladas, acho que ela deixou de amar pelo tamanho desconsolo.

É possível que não tenha deixado de amar e o frio venha da falta de quem o receba, mas talvez ela só estivesse lavando seus cabelos em uma água de mina, água de mina é sempre bem gelada, acho que deixam todo seu calor na terra.

Se eu fosse uma rua não queria ser como a rua grande que andei hoje,

Queria ser uma rua pequena, onde só passasse quem sabe pra onde vai: uma pracinha que ia ter no meu final, onde criança pudesse aprender a andar de bicicleta e onde namoro silencioso não fosse coisa de outro mundo.

(Segunda-feira, 10 de maio de 2010, 16:18hs)

8 comentários:

  1. Se a ruas fossem rios, talvez todas as cidades seriam como Veneza, talvez a grande, de muitas e muitas mãos, fosse o rio Amazonas.

    Sábia menina essa quer ser a rua sossegada.

    Bom texto, até mais doutora.

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  2. Oi Nathi, belo texto, adorei, também me seria viável ser uma ruela, já que o sossego é sempre bem-vindo e eu de fato, prezo muito!

    Parabéns, abraços!

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  3. Ser rua é pouco pra quem quer voar, o bom mesmo é ser mar.

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  4. Nathi... vc escreve de um jeito tão encantador...

    =)

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  5. Entenda que é difícil escolher um caminho. ;*

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  6. Joãozinho: Se as ruas fossem rios, nossas cidades seriam mais poéticas, e talvez eu fosse um riachinho quieto e de águas geladas.

    Rodrigo: Somos dois!!! ^^

    Pedro: Talvez ser mar não seja uma boa ideia, ele suporta todas as lágrimas que os rios lhe trazem, esta submissão de aceitar tudo sem contestar eu não tenho.

    Ana: Obrigada, mais uma vez!

    Yuri: Mais difícil é prosseguir tentando se convencer de que é o melhor.

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  7. Nada... o mar não recebe tudo assim de mão beijada. Ele se revolta todo dia, bate em terra todo dia e costuma ficar vomitando de vez em quando.

    Eu talvez quisesse ser mar. Ou céu.

    Mas, sabe de uma coisa? Eu gosto mesmo é de passar pelos cantos. Nunca sê-los é muito melhor.

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  8. Gustavo: Ah, que revolta mais agustiante deve ser então...Sabido é você, pra quê ser se observar é muito mais agradável e preservado.[?]

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