quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Morte à vida severina!

Esta cova em que estás, com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida



É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio

Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida



É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo



É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo, te sentirás largo

É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas à terra dada nao se abre a boca



É a conta menor que tiraste em vida



É a parte que te cabe deste latifúndio
(É a terra que querias ver dividida)



Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas à terra dada nao se abre a boca

Morte e vida severina - Chico Buarque de Hollanda sobre o poema de João Cabral de Mello Neto

5 comentários:

  1. Simplesmente adoro...

    "O sabiá no sertão qndo canta me comove, passa 3 meses cantando e sem cantar passa 9... Porque tem a obrigação d só cantar quando chove..."

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  2. Belos clássicos, tanto a versão musicada de Chico (olha a intimidade xD,)quanto os versos de Melo Neto.

    Até mais doutora.

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  3. Simplesmente genial... e quanto mais escrevo, mais percebo o quanto não sei escrever... Ah, esses mestres inatingíveis...

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  4. Infelizmente, todos nós teremos o nosso jazido final, mas nem todas teram obras para enfeitas as suas lembranças daquele que se foi...

    Fique com Deus, menina Nathi.
    Um abraço.

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