segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Flutua

Olhou mais uma vez pela janela.
Prédios, prédios, prédios.
E incrivelmente, o que sempre a incomodou foram os plurais.
Não basta um sorriso, só basta se forem todos.
Não me contento com um carro, dois, três, bolsas, sapatos, celulares, jantares, cumprimentos.
Um mundo plural no qual se encontrava sozinha.
E o plural de que tanto tentava se esconder, ali na janela.
Parece que do décimo sexto andar tudo parece flutuar lá embaixo.
Pensa em como pode flutuar também.
Lembra-se de como o algodão-doce da máquina do parque parecia flutuar no ar antes de ser capturado pelo homem de bigodes com seu palito.
Por que me deixei ser capturada?
Por que me deixei ser posta nesta torre?
Por que não joga toda a alma e o corpo ao invés de só as tranças, Rapunzel?
E no ímpeto de seu delírio consciente, ouve um choro de bebê que a chama a realidade.
Mais uma vez ela voltará a sua espera.
Ainda não foi desta vez.

São Paulo, 02 de fevereiro de 2010.

5 comentários:

  1. Nathi, como assim? vc tambem flutua nos poemas, e com aquele toque de realidade que vc dá, a gente para e pensa nas coisas, como elas são, e vê os detalhes que se não fosse vc dizer, passavam batidos.

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  2. Um dia descobri que a vida é decidida nos detalhes.

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  3. - será que a vida é decidida nos detalhes...
    esses tempos eu descobri que ela é vivida nas pausas.


    ps: rapunzel, não desista de suas ambições.

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  4. Não quero só viver nas pausas nem nos detalhes nem na espera. Vivo dedicada todos os momentos e tento ser melhor inclusive nos ruins.

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