quinta-feira, 6 de maio de 2010

dias como este

"Não gritem, por favor, só um minutinho..."

Isso fica repetindo para si mesma durante estes momentos de desconcerto. É só ver ele na rua de mãos dadas com a...aquela criatura, que fica assim. Pior! Desta vez não só as mãos que estavam dadas, eram pernas, mãos, bocas, cintura, mais mãos, nuca..."tem gente que não tem um pingo de pudor", resmungava a idosa que passava com um carrinho antigo de feira [idosa porque falar velho hoje em dia é falta de educação]. Se fosse eu, diria falta de vergonha na cara mesmo! Mas o que importa é que ela viu ele. Viu eles. Melhor seria ter tropeçado e dado de cara no chão, mas não, ela que quase desfilava na pracinha, viu eles. E agora só o que tropeça são suas lágrimas e as tantas dela que se fragmenta toda quando é atropelada pelas lembranças.

"...calem a boca!pensamentos malditos!"

"Ai, uma moça tão bem apanhada como ela, sinceramente, não acredito que depois deste tempo ainda não esteja dando uns amassos  no vizinho da frente."
"Não é mulher?! Fosse eu não perdia tempo, até por que ele tá solteiro faz um mês já, se eu tivesse uns anos a menos...né não?!"

E o pior do que escutar suas lembranças, seus fragmentos, sua conciência...é ouvir fofoca inútil.
Quando dias como este aconteciam seu maior desejo era ser surda. Surda e cega. Mais surda do que cega. Mas não era e sempre ficava muda.
Não consegue falar com as bisbilhoteiras do andar de cima, não consegue falar "oi" quando ele passa, nem ao vizinho da frente.

Não consegue falar para seus pensamentos calarem-se!

E fica mais do que minutinhos neste desconcerto.

2 comentários:

  1. Dias como este tiram muita gente do eixo...

    Interessante, muito bom =)

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  2. As vezes os pensamentos tem outros pensamentos...

    Fique com Deus, menina Nathi.
    Um abraço.

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