sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Anunciação de VIDA

Há algum tempo atrás eu me encontrava tão perdida e confusa que não sabia nem resumir a minha situação na época pra quem quer que fosse.

Tinha em minha mente a mistura do passado familiar e do presente de um relacionamento amoroso que me levavam a fazer escolhas continuamente de autotortura.

Resolvi buscar uma ajuda profissional no ápice do meu surto. Passei por cima dos meus preconceitos sobre a psicologia e sobre mim mesma, principalmente, e fui à primeira consulta que mais me decepcionou do que qualquer outra coisa.

Eu, naquela época, achava que tinha de controlar tudo ao meu redor para evitar perder o rumo das coisas. Quando comecei a terapia eu tentei controlar isso também. Às vezes eu pensava antes o que dizer e como deveria ser, e o que fazer nas consultas. Grandíssima bobagem.

Assim como na vida, a terapia não tinha um mapa de como seguir e não havia um manual de como fazer as coisas certas ou erradas. Nós só tínhamos que conversar sobre assuntos que eu não gostava de falar, passar por cima das minhas respostas prontas e encarar quem eu mais temia e quem mais me julgou toda a minha vida: eu mesma.

A psicóloga foi muito profissional e paciente. Acho que de cara ela percebeu que o meu maior problema de relacionamento não era com o meu namorado ou com meu pai, muito menos com o mundo. Meu maior desafio era o meu relacionamento comigo.

Nestes oito meses de terapia eu me descobri, me permite, terminei um relacionamento, comecei outros, recomecei muitos outros.

Viajei, vi gente, deixei que outras pessoas me vissem, descobri um mundo novo, sem mapas nem manuais, apenas o inesperado para nos surpreender.

O inesperado que eu não conhecia: a VIDA!

3 comentários:

  1. A terapia é a janela para alma.

    embora eu seja suspeito de dizer qualquer coisa, pois sou psicólogo, rs.

    ps: bom estar aqui de volta.

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  2. Ah, eu sei exatamente como você se sente. Eu tive um surto forte em Junho do ano passado. No dia seguinte estava no consultório de uma psicanalista. No começo foi bom, senti que ela me entendia e me apoiava. Mais do que isso. Tive várias epifanias sobre mim mesma. O desperdício foi eu não ter feito anotações sobre isso, porque o meu consciente já esqueceu...
    Enfim. Daí começou a chegar num ponto no qual a conversa travava. Foi quando eu finalmente apresentei o TCC e então, tecnicamente, o "problema" já estava resolvido. Então eu sorria para ela, contava que está tudo bem, mas ela continuava me encarando com uma expressão que eu interpretei como: "não, Paula, não está tudo bem. Vamos lá, admita tudo o que não está bem."
    Mas eu não consegui. Rompi com ela... A verdade é que eu não consegui admitir em voz alta para ela exatamente todas as coisas que estavam erradas. Acho que, no final, tive medo de mim mesma. De descobrir que eu também posso ter características digamos... Menos nobres.
    De abraçar a sombra, sabe? Admitir que o contentamento naquele momento era ilusório, que os problemas iriam persistir.
    Daí agora, passado alguns meses, estou aqui, né? Batendo a cara na vida mais um pouco... Sei lá.
    Cheguei mais ou menos na conclusão de que, de alguma forma, é bom tentar manter um círculo de amigos sinceros. Que não podemos nos enganar e subestimar os percalços da vida. Que precisamos ver gente e falar sobre coisas e nos apoiar.
    Porque o mundo não está fácil. E coisas continuam machucando. A gente quer dar um voto de confiança nas coisas, abaixa a guarda, e lá vem o porrete na cabeça. E de novo, e de novo e de novo...
    Mas nós não precisamos e, aliás, não devemos tentar lidar com esses porretes sozinhas.
    É sempre bom ter pessoas para conversar sobre os assuntos para termos discernimento e coragem.

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