sábado, 21 de novembro de 2015

Dia Útil II

O que é útil? O que transforma algo de natureza abstrata em funcional dentro do cotidiano?

Algo que traga auxílio para o decorrer dos dias, das semanas, ou mais importante ainda, das horas, porque só quem vive sua própria vida sabe o poder esmagador que o rolar dos ponteiros pode ter sobre as ideias.

Tenho descoberto a funcionalidade do amor.

Não vejo uma forma mais racional de calcular o valor de algo abstrato a não ser pela ação que isso constrói. O que está dentro de nós borbulhando em banho-maria todos os dias, as convicções, ideais, motivações, vontades, sonhos, desejos, isso tudo torna-se explícito em nossas ações. Não estamos o tempo todo pensando sobre, mas nos serve como limites e fagulhas para o que fazemos. Sendo isto posto, gostaria de comentar como o amor entrou num patamar elevado dentro de minha concepção de respeito.
Vejo pessoas se apaixonarem e desapaixonarem tão facilmente e passarem por processos tão dolorosos e autodestrutivos que a muito me pergunto, por quê? O amor não é a única nem mais importante coisa que alguém pode ter na vida, disso eu estou convencida. Aí você cresce e descobre o grande mundo do namoro, depois você conhece um maior ainda, o do sexo, e experiências nascem dentro de todos os universos em caos e colisão. Depois de um período, que dependendo da pessoa pode ser de meses ou anos, alguém vai te dizer que você precisa encontrar o amor. Mas, o que é o amor? Bom, na nossa sociedade ocidental americanizada (brasileira) não se define muito bem isso abstratamente, talvez algumas novelas ensine uns truques, mas amor pode ser um tabu tanto quanto sexo para muita gente. Por outro lado, podemos dizer que se concretiza com um casamento, uma casa cheia de bugigangas, um carro, ou com o IPI reduzido e taxa zero, dois caros, dois filhos (porque um só é judiação com a criança e três já é muito gasto) e um cachorro, talvez, é que hoje em dia ter um animal significa que você é confiável, se for vegano então, posso te dar o número da senha do cartão de crédito, o que você vai fazer? Tão bonzinho! Um casamento feliz é para muita gente sinônimo de amor. Mas eu não sou muita gente.

Sou contra o casamento? Bom, esta é outra conversa. Estamos aqui mais propriamente para tratarmos de como o amor subiu no meu conceito e é claro que isso tem tudo a ver com estar alerta e reabrindo discussões constantemente, como gostaria de ver Raul Seixas.

Nos últimos meses eu me (re)questionei muita coisa, isso porque me coloquei numa situação que nunca imaginei poder ser possível: um relacionamento a distância. Foram dias muito produtivos de solidão, pensei bastante sobre o que eu realmente prezo neste mundo, percebi o quanto minha família tem um papel fundamental na minha vida. Coloquei na balança a importância de um lugar ou de uma pessoa. Vivi dias de ver muitas amizades abrindo portas de novas fases, amigos que desempenhavam um papel secundário passando a ser mais e mais importantes no meu cotidiano e aos poucos eu me dei conta de como eu amo os seres humanos.
O amor que me peguei sentindo foi universal.

Eu amo a vida, o respeito à vida e todas as formas de experimentar sentir-se vivo (sem que isso interfira na vida do próximo). Viver para os seres humanos tem um sentido a mais que a simples sobrevivência animal, nós como "homo sapiens" procuramos razões e sensação e isso é lindo. O amor que sinto me faz ser uma pessoa melhor, aprendi trabalhando com pessoas que às vezes mais importante que solucionar o problema de alguém é fazer aquela pessoa sentir que você realmente se importa com o problema dela. A "empatia" tão aclamada pela personagem interessantíssima de Audrey Hepburn em Funny Face - 1957. O amor é importante quando você está no meio de uma conversa e alguém diz "deviam mesmo era fechar a fronteira de vez pra todos esses árabes, já trabalhei no sistema penitenciário, só tem árabe lá", aí você pergunta "todos os árabes são ladrões, ou os bons árabes estão em casa, em seus países cuidando das suas vidas e os poucos aventureiros que veem pra cá tentar algo a mais do que poderiam encontrar lá, aqui também não têm oportunidades?". O amor se faz fundamental quando precisamos lembrar que além de americanos, europeus, chineses ou brasileiros nós somos humanos, quando precisamos lembrar que antes de ser minha casa, minha cidade ou meus país, moramos todos no meu planeta, mas que não é só meu, é nosso. O amor é lindo e importante quando penso no futuro e mais do que uma mega conta no banco e uma carreira ilustríssima, eu quero pessoas, humanos para dividir meus dias, minhas horas e dividir isso com qualidade. Porque viver é lindo, e o amor é importante para sermos humanos. 

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