quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Bobagem

A algum tempo eu me pego pensando na velhice. Algumas vezes penso sobre meus velhos: minhas duas avós, meu pai e minha jovem mãe, outras vezes penso sobre meu próprio envelhecimento. 
Ano passado assisti a um filme que me tocou muito pela doçura de apresentar seus protagonistas cheios de vida após a idade dos setenta anos. Quarteto é um filme que quando acaba você se encontra numa aura de sonho, é belo, é doce e é real. Eles são moradores de uma casa de repouso para antigos músicos e cantores de ópera e música clássica em geral. Quem não assistiu ainda eu recomendo e garanto boas gargalhadas. Ele faz parte da lista de filmes que minha tia está fazendo para assitir quando for velha (hahahahaha, todos temos nossos planos mirabolantes pro futuro).
Ontem eu vi outro filme protagonizado por pessoas de idade. O cinema, longe da televisão, tem se aventurado contar histórias além dos clichês, gosto bastante disso. O Exótico Hotel Marigold é divertido e leve. Uma história suave, pouco dramática, mais preocupada com fazer rir do que fazer chorar.
Gosto de ver pessoas "idosas" atuando e mostrando que mesmo que o nosso corpo envelhece a nossa mente está como sempre esteve: sendo nós mesmos. Lembro que quando eu era criança ficava esperando o dia do meu aniversário como um portal de iluminação pra sabedoria e visão plena do mundo. Como se após o relógio virar a meia noite ou ao apagar as velinhas as portas do paraíso fossem se abrir pra mim e eu seria uma pessoa como nunca fora.
Uma ilusão, os anos iam passando e o dia do meu aniversário se passava tão banal, com ou sem comemoração, que estava começando a ficar frustrada quando parei de me preocupar com a tal iluminação. Acho que isso é muito importante, parar de esperar o dia que vamos começar a viver, ou não determinar o dia que vamos parar.
Apesar de todas as diferenças esses personagens me fazem lembrar meu avô, meus pais, que como já disse, começam gentilmente  a caminhada para o amadurecimento propriamente dito.
Suas formas imperfeitas de pensar e cometer erros tentando agradar os seus queridos. Quantas vezes fazemos isso, nos tornamos intrometidos tentando ajudar aquela amiga que é como uma irmã. O excesso de intimidade de família grande, o sabor de não saber se agradece ou se aborrece com o amor transbordante que se torna intrusão. Tem gente que nunca vai saber o que é isso. Aí falando assim me lembro do Elsa e Fred, um outro filme que vi a uns dois meses atrás e apresenta dois protagonistas lindos e amorosos. Em tom de comédia trata, na minha opinião, o valor de, mais do que ser, se sentir independente na velhice. Como alguns filhos podem ser super protetores do mesmo modo que existem pais super protetores com seus filhos. Aquela velha história de que a gente nasce e morre criança.
Como o Benjamin Button. O Curioso caso de Benjamin Button foge um pouco porque não retrata só a vehice dele, mas a história desde o ínicio, porém, vou coloca-lo mesmo assim na minha lista pois é uma história particular, quem não assistiu ainda vai ter que conferir!

Abaixo uma lista dos meus outros filmes preferidos que retratam a velhice com um olhar doce, algumas vezes com comédia, outras vezes mais dramático, mas sempre cheio de vida, como realmente é!

Conduzindo Miss Daisy
Um clássico que me emociona toda vez que assisto.

Garotas do Calendário
Um olhar feminista de como a beleza não tem idade, especialmente a feminina.

Antes de Partir
Pura aventura e emoção com esses dois que nos surpreendem com classe.

Um amor de vizinha
Um pouco "versão da terceira idade das comédias romanticas americanas", mas apesar de tudo tem o charme da Diane Keaton, pra uma tarde chuvosa... cai bem!

Última viagem a Vegas
Aqui uma versão "besteirol americano da terceira idade", mas, seguindo a regra, tem o charme do Morgan Freeman. Se quiser deixar um pouco de lado a opinião "anti-besteirol"...

Trem Noturno para Lisboa
Esse é uma história um pouco mais profunda, não chamaria de outra coisa que não um romance, é um filme que parece que você está lendo um livro. Bonito!

Something's Gotta Give, outro da querida Diane Keaton, ela é maravilhosa e a quem diga que o Jack Nicholson também, bom. Não é um exemplo de filme no qual a personagem feminina tem uma grande personalidade, mas mostra direitinho como a nossa sociedade faz a beleza feminina ter data de validade, enquanto a masculina... bom. Ele é gordo e careca, mas se usar um terno e um óculos escuros tá tudo certo. Ela é magra, loira e "peituda" (padrão americano), além de tudo que ela tem de natural, ela é maravilhosa, mas mesmo assim... assita o filme!

Isso me fez lembrar de uma canção da Céu, Bobagem:

"Minha beleza não é efêmera
Como o que eu vejo
Em bancas por aí
Minha natureza
É mais que estampa
É um belo samba
Que ainda está por vir 
Bobagem pouca
Besteira
Recíproca nula
A gente espera
Mero incidente
Corriqueiro
Ser mulher
A vida inteira [...]"

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