domingo, 28 de setembro de 2014

Viajante

Sou uma viajante de mochila nas costas. Se alguém me perguntar qual é minha profissão eu respondo farmacêutica, se alguém me perguntar qual minha ocupação ou lazer eu digo que é viajar. Eu estou viajando, o mais engraçado é que alguns dias repetindo o mesmo teto e comecei a me iludir do contrário.
Hoje me perguntaram de onde eu era e eu não soube o que responder, porque eu costumava dizer: sou pernambucana, mas os últimos dias em Pernambuco me fez repensar este título.
Nasci no Pará, pouca gente sabe disso. Foi em uma das viagens dos meus pais e fiquei alguns poucos meses lá, depois seguimos pro Acre, Goiás, e lá meu irmão nasceu. Daí pra cá foram muitas cidades, a última delas com moradia fixa foi São Paulo, que me levou 10 anos de existência (2004 a 2014). Mas neste ínterim ponha na lista os estados de Pernambuco (algumas cidades), Piauí, Bahia, São Paulo (interior), Goiás (de novo, mas no interior) e o Distrito Federal.

Dentre todas as idas e vindas eu sempre tive Pernambuco como referencial, como um ponto que nós voltávamos sempre pra ver a família e por as ideias no lugar.

Este último período da minha vida, o final da faculdade, me deixou extremamente desgastada, com o lado emocional e psicológico abalados e eu me perguntava "Se não quero morar em SP pra onde eu vou então?!"

Acho que vir pra cá foi mais um reflexo da realidade que sempre tivemos do que qualquer outra coisa, pelo menos é o que eu tô achando agora. Eu via meus pais fazerem isso e sempre tentarem achar o caminho certo, acho que foi isso que eu fiz. O fato de me sentir perdida me fez agir como eles, só que eu inovei um pouco: não me enfiei na casa das minhas avós ou dos parentes, como eles faziam: eu me joguei no mundo.

Recife não é o Pernambuco dos meus pais.

Recife não é o meu Pernambuco das lembranças de infância. Somos do interior, sempre fomos. Então, o que danado eu vim fazer aqui?! Porque escolhi esta cidade louca e cativante?

Ainda não achei a resposta. Ainda estou procurando minha Parságada. 

Hoje me assumo na estrada. Não sou de Recife, tenho pertencido a este lugar. Hoje eu estou perdendo algumas ilusões.

Hoje tenho aberto melhor os olhos e tenho muito orgulho de ter conseguido isso no meu primeiro mês. Não suportaria viver uma vida inteira cheia de questionamentos sobre o que eu não fiz e poderia ter feito. Uma ilusão é a pior companhia que alguém como eu pode ter.

Não tenho mais muitas ilusões sobre Recife, que é uma cidade muito bonita, com momentos mágicos, mas que não tem praia nadável na capital, não tem faixas de pedestres suficientes, não tem aluguel que caiba no meu bolso e ainda é muito precária em saneamento básico e o mercado de trabalho farmacêutico ainda está muito restrito, ainda tem gente que te liga querendo que você "assine" a farmácia dele. Isso é o cúmulo em pleno século 21.

Espero muita evolução pra Recife, espero muito aprendizado pra mim, quero continuar crescendo, e sim, eu sei que ainda vai doer muito, mas agora que já comecei, vou até o fundo deste mundo maluco e selvagem chamado Planeta Terra.

3 comentários:

  1. Boa sorte viajante nessa estadia pernambucana. Que venha novos roteiros por esse Brasil de todos os cantos!

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  2. E pelas águas de todos os sabores, de todas as Baías, de todos os santos.

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  3. Estivemos perto durante muito tempo em SP, nos esbarramos na Bahia... e se trombamos em Recife! Viver realmente é viajar na viagem! Bóra lá viajar, viajante.

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